PALMA ADENSADA E IRRIGADA

 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO
As atividades ligadas ao meio rural são notadamente
revestidas de grande tradição. No entanto, nos últ
imos
anos a agropecuária brasileira tem apresentado sign
ificativo crescimento na produção e na produtividad
e
através da adoção de inovações tecnológicas.
Nesse sentido, para que a tradicional caprinovinocu
ltura praticada na Região do Sertão Central Cabugi,
no
Estado do Rio Grande do Norte, tivesse acesso a um
número cada vez maior de informações e inovações
tecnológicas, foi criada pela Associação dos Criado
res de Ovinos e Caprinos do Sertão do Cabugi – ACOS
C a
Incubadora de Empresas do Agronegócio da Caprinovin
ocultura do Sertão do Cabugi – INEAGRO-CABUGI, com
o decisivo apoio do Serviço de Apoio às Micro e Peq
uenas Empresas do Rio Grande do Norte – SEBRAE-RN
através do Programa SEBRAE-RN de Incubadoras de Emp
resas, do Projeto do Arranjo Produtivo Local (APL)
da
Caprinovinocultura do Cabugi e do Projeto APRISCO N
ordeste – RN.
Os desafios são muitos, mas os objetivos vêm sendo
gradativamente alcançados e os resultados começam a
aparecer.
Assim, é com grande alegria que apresentamos um des
ses resultados: a Tecnologia de Produção de Palma
Forrageira Adensada e Irrigada, processo inovador d
e produção de alimento para os rebanhos caprinos,
ovinos e bovinos no semi-árido nordestino, trabalho
desenvolvido pela Empresa SERTÃO VERDADEIRO
Consultoria Agropecuária Ltda., incubada da INEAGRO
-CABUGI.
Ao Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do
Rio Grande do Norte – SEBRAE-RN nossos
agradecimentos por apoiar mais esta iniciativa. Aos
produtores rurais nossa recomendação de que
introduzam a inovação tecnológica em suas proprieda
des. Aos empreendedores da SERTÃO VERDADEIRO
nossos parabéns pelo trabalho e pela dedicação com
que vêm cumprindo a missão que escolheram:
“transformar as consideradas adversidades em eficiê
ncia de produção”.
Valéria Maria Ferreira da Cruz
Diretora da INEAGRO-CABUGI
INTRODUÇÃO
Falar da viabilidade da produção agropecuária no se
mi-árido significa levar em conta seus recursos nat
urais e
procurar transformar as consideradas adversidades e
m eficiência de produção.
Há mais de 20 anos estamos experimentando tecnologi
as, aplicando os ensinamentos das universidades e d
as
instituições de pesquisa, além dos ensinamentos daq
ueles que compreendem o verdadeiro papel de cada
elemento natural e a perfeita simbiose entre clima,
plantas, animais e gente – os sertanejos.
Na contínua busca por alternativas para assegurar a
sustentabilidade e aumentar a rentabilidade econôm
ica
da produção agropecuária na Região do Sertão Centra
l Cabugi, no Rio Grande do Norte, que se constitui
numa
das zonas mais desafiadoras do Estado para produção
de reserva alimentar para os rebanhos nos longos
períodos de estiagem, encontramos a Tecnologia de A
densamento de Palma Forrageira desenvolvida em
Juazeirinho – PB.
1
Introduzimos o cultivo de palma adensada na região,
inicialmente sem o uso de irrigação. Durante 02 a
03
anos testamos a posição da raquete durante o planti
o e diversos tipos de solos, dos mais argilosos aos
mais
arenosos. No entanto, em todas as práticas adotadas
a planta sofria muito durante o segundo semestre d
e
cada ano e para evitar perdas mais drásticas, resol
vemos cortar toda a parte superior da planta. Ou se
ja, na
tentativa de solucionar o problema criamos outro, p
ois precisando ou não cortávamos a planta. Surgiu d
duas idéias: fazer farelo de palma e usar água sob
a forma de irrigação.
Assim, depois de muitas idas e vindas chegamos à Te
cnologia de Produção de Palma Forrageira Adensada e
Irrigada e com ela atingimos um rendimento superior
a 600 t / ha (seiscentas toneladas por hectare) no
primeiro ano de cultivo, resultado que apresentamos
agora nessa cartilha editada com o apoio do SEBRAE
-RN.
1
Projeto Palma – Cadeia Produtiva de Alimentação –
Tecnologia de Adensamento. SEBRAE-PE, 2003
PRODUÇÃO PALMA ADENSADA E IRRIGADA
O método ora apresentado para produção de palma con
siste num plantio super adensado, com uso de
adubação química e orgânica e com uso de irrigação
durante o período de estiagem.
1. SELEÇÃO E PREPARAÇÃO DAS SEMENTES (raquetes)
Escolha raquetes sadias, de preferência as que este
jam localizadas no meio da planta, nem muito verde,
nem
muito madura. Corte as raquetes na junta, com uma f
aca bem amolada e limpa. Se as raquetes estiverem
“gordas”, ou seja, com bastante água como é o caso
das raquetes colhidas próxima ao final ou no início
do
período das chuvas, o ideal é colocá-las para secar
, na sombra, por um período de até 15 dias. Porém,
na hora
do plantio observar a “cicatrização” do local do co
rte é mais importante do que a quantidade d’agua da
mesma.
2. ESCOLHA E PREPARAÇÃO DO TERRENO
É importante lembrar que estamos tratando de cultiv
o de alta intensidade, com projeções para altas
produções, portanto devemos escolher o melhor terre
no possível para a implantação desta cultura que é
permanente. A palma cresce bem em diversos tipos de
terreno, porém como qualquer outra cultura tem sua
s
preferências. Após testar o plantio em diversos tip
os de solos, dos mais arenosos aos mais argilosos,
concluímos que o terreno ideal deve ser: plano, pro
fundo e arreno-argiloso. Além disso, o produtor dev
e levar
em conta a distância entre a área de plantio e o ce
ntro de manejo de seus animais para reduzir os cust
os de
produção.
O ideal é aproveitar terrenos já utilizados para ou
tras culturas evitando novos desmatamentos na
propriedade. É fundamental que o terreno seja desto
cado e fazer o que se segue:
a)
Corte da terra: Aração e gradagem – evitar solos co
mpactados. Quanto maior o destorroamento do
solo, melhor será o desenvolvimento das raízes.
b)
Distância entre sulcos: Os sulcos, com uma profundi
dade em torno de 25 cm, para facilitar a adubação,
devem ser abertos com espaçamentos de 1,5 metros ou
2,0 metros, assim teremos populações de
75.000 ou 50.000 plantas por hectare, respectivamen
te.
Toda área destinada a cultivo deve ser cercada para
evitar acesso dos animais. No caso da palma os cui
dados
devem ser redobrados, pois no período da estiagem o
plantio será um grande atrativo para os animais.
3. ADUBAÇÕES E PLANTIO
As adubações são fundamentais para obtenção dos bon
s resultados na produção da palma forrageira
adensada. É fácil entender por que: é só comparar u
ma mesa de seis lugares com seis pessoas para se
alimentarem e a mesma mesa com sessenta pessoas. A
quantidade de alimento necessária para alimentar
sessenta é maior.
A adubação de fundação é feita antes do plantio. A
adubação geralmente sugerida é de 50 a 150 gramas d
e
super-fosfato simples (dependendo da analise de sol
o) por metro linear de sulco, mais 5,0 Kg de esterc
o,
colocados sobre o solo sempre nesta seqüência.
O plantio deve ser feito, de preferência, de 30 a 6
0 dias antes do início do período chuvoso, utilizan
do 10 (dez)
raquetes por metro de sulco. Durante 02 a 03 anos t
estamos também a posição da raquete e recomendamos
que sejam plantadas de frente para o sol e enterrad
as 50% com uma inclinação de 45º (plantadores de pa
lma
da Paraíba acham que essa questão não influi na pro
dução, mas nossa avaliação indica que esse cuidado
é de
extrema importância para obtenção dos resultados al
cançados). Como a distância entre os sulcos é de 1,
5 ou
2,0 metros, significa que serão utilizadas 50 mil a
75 mil raquetes por hectare, sem contarmos com as
eventuais perdas.
A adubação de cobertura é feita com esterco bovino,
caprino e ou ovino, na proporção de 5,0 kg por met
ro
linear, no meio das “carreiras” das plantas, durant
e ou logo após o primeiro corte. Com o objetivo de
aumentarmos ainda mais a produção, poderemos realiz
ar de uma a quatro adubações nitrogenadas por ano
utilizando adubos, tipo uréia, na proporção de 50 g
ramas por metro linear a cada aplicação. As adubaçõ
es de
cobertura deverão ser realizadas com intervalo supe
rior a 60 dias, período em que as raquetes se
desenvolvem e se inicia o crescimento da raquete se
guinte. Quem determinará uma maior ou menor
adubação será a necessidade do produtor. Num ano co
m maior produção de outras forrageiras aliada às
práticas de conservação e armazenamento de alimento
s, resultando em reserva compatível com a
necessidade do rebanho, não recomendamos o uso tão
intensivo de adubos inorgânicos.
7. ADUBAÇÃO PÓS-COLHEITA
Após o primeiro ano ou após os cortes anuais, é rec
omenda uma adubação anual de cobertura com esterco
na
proporção de 5,0 kg por metro e uma em conjunto com
50 gramas de super-fosfato simples por metro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Alguns estudiosos poderão questionar a utilização d
e irrigação para uma cultura xerófila de reconhecid
a
adaptação ao semi-árido. Outros poderão apontar o e
levado custo de implantação da tecnologia, cerca de
10
mil reais por hectare, como inviável. Reconhecemos
que o sistema por nós aqui apresentado precisa de
estudos e pesquisas para aprimorá-lo. No entanto, a
lém de profissionais somos também criadores de
caprinos, ovinos e bovinos no semi-árido nordestino
e como tal só podemos dizer que os resultados obti
dos
pela nossa experimentação são acima de tudo uma gra
nde oportunidade para o desenvolvimento da pecuária
regional.
Como o custo de implantação para a fundação de 01 h
ectare de palma adensada e irrigada estar em torno
de
R$ 10.000,00 (dez mil reais), estamos em fase de ex
perimentação para o estabelecimento de um sistema
simplificado para pequenos produtores, com custos b
em reduzidos e uso de materiais reaproveitáveis.
Além disso, nossa meta agora é seguir fazendo exper
iências e avaliando também a utilização do farelo d
a
palma forrageira como fonte energética na alimentaç
ão dos rebanhos. Mas, esta história é assunto para
a
próxima cartilha. Até lá.